O dia é 29 de junho de 2017, amanheceu, são 7h30, e a temperatura lindamente está -2ºC. Lembra o banho que não deu tempo ontem? Hora de encará-lo!! Depois de algum tempo nos enrolando, tomamos banho e nos arrumamos para aproveitar o dia. Tomamos o café servido pelo Hotel (delicioso, desde que você não fique observando que o iogurte e a geleia que sobram nas mesas, que não são consumidos por completo, retornam ao pote principal, para serem servidos no dia seguinte) e seguimos para mais um dia de aventura.
Primeira parada do dia o famoso Cemitério de Trens. O lugar me surpreendeu, mas de uma maneira um tanto negativa. Pelo caminho e ao redor do Cemitério, muito lixo jogado, espalhado, não há nenhum tipo de cuidado, ou preocupação com o descarte do lixo, não apenas ali, mas na cidade de uyuni como um todo. A minha indignação com o lixo talvez seja atoa, afinal o lugar virou um ponto turístico meio que ao acaso, após uma crise sofrida pela Bolívia na mineração, as máquinas foram abandonadas ali, virando um grande ferro velho.
Nós ficamos ali pouco menos de meia-hora olhando aquele amontoado de locomotivas abandonadas, e seguimos para nossa próxima parada, o maior deserto de sal do mundo: Salar de uyuni com 10.582km² é resultado de transformações entre diversos lagos pré-históricos. Além de ser uma fonte de sal, o salar é rico em lítio, representa algo entre 50 a 70% das reservas mundiais. Após algumas fotos e um tempo de contemplação, dirigimos aproximadamente 80km, para chegar até a Isla Incahuasi uma elevação de terra em meio a imensidão de sal. Fazendo uma pequena trilha existente na ilha, é possível chegar ao ponto mais alto, nomeado de Plaza 1º de Agosto e ter uma visão de 360º da ilha..
Nossa intenção, era fazer nosso almoço ali, porém, descobrimos que mesmo com fogareiro, não era permitido cozinhar, então fizemos apenas um pequeno lanche, comendo uns biscoitos e chocolates. Enquanto estávamos ali, avistamos um ciclista, e ficamos por um bom tempo extasiados vendo-o desaparecer naquela imensidão branca.
Já dentro da nossa nave, pegamos o caminho de volta, quase uma linha imaginária que é traçada no deserto de sal. Agora, sem muitos turistas, podemos parar e apreciar o Monumento do Rally Dakar feito de sal, representa a passagem do Rally por ali. Próximo ao monumento, existe um Hotel de Sal, atualmente fechado, mas é possível visitá-lo. Seguimos nosso caminho, e paramos nos Ojos del Salar outro atrativo do deserto, esses ojos, são aglomerados de água, segundo dizem, são as águas que sobraram do que um dia foi o Lago Michin.
O Salar de uyuni é algo impressionante pelo seu tamanho, por ser o maior do mundo, porém, para mim que já havia visitado outros salares no Chile, não superou nenhuma expectativa. Recomendo a visita a todos que puderem, é sem dúvida uma experiência única, mas, talvez seja importante não gerar expectativas sobre o local, assim é possível ser surpreendido.
De volta à cidade e famintos, estacionamos a Juno, e começamos a caminhar pelo centro em busca de um lugar para jantar, o sol já estava quase se pondo. Nessa pequena caminhada, é possível conhecer duas cidades dentro de uma. Numa das ruas do centro, havia muitas tendas com os mais diversos produtos à venda, homens, mulheres e crianças trabalhando, sem muita distinção. Na rua principal da cidade, existia calçamento, uma pracinha bem cuidada. Procuramos um restaurante que tivesse a cerveja de coca, por fim desistimos, apesar da propaganda, nenhum deles tinha a tal cerveja. Tomamos uma cerveja Potosina, e comemos quinoa (servida como arroz) e carne de llama, o prato vinha acompanhado de salada também, mas por segurança, optamos por não comer salada em toda a viagem.
Voltamos para o Hotel bastante cansados e mesmo assim, dedicamos um tempo arrumando as mochilas para partir no dia seguinte. Gastamos um tempo tentando postar algumas fotos, mas a internet era muito ruim, então abandonamos a tentativa e fomos dormir.
Novo dia amanheceu, 30 de junho de 2017, vamos agilizar que temos mais estrada pela frente. Logo cedo o primeiro perrengue, na minha vez de tomar banho, o chuveiro que é a gás, não estava aquecendo. Esperei alguns minutos, o Sergio levou algumas coisas no carro e nada da água esquentar, resolvi encarar a água fria, desisti, estava muito gelada. O Sergio reclamou na portaria e a moça, rapidamente me ofereceu um outro quarto com chuveiro elétrico para tomar banho. Provavelmente o gás acabou e não tinha ninguém para trocar. Depois de um banho quentinho, tomamos café, terminamos de colocar as mochilas na Juno e seguimos para mais um dia de estrada.