E lá vamos nós para mais um dia na estrada, temos pela frente aproximadamente 670km. Ainda um Uyni, paramos em um posto para abastecer (alguns 300km a frente, descobrimos que a tampa do tanque de combustível ficou nesse posto), com tanque cheio, hora de dizer tchau a Uyuni. Na saída, próximo à rodovia, mais e mais lixo espalhado, realidade triste essa.
A estrada estava tranquila, sem muito movimento naquele momento, sem postos policiais, apenas as paradas de pedágio. Aqui vale uma pausa no assunto para uma informação. A Bolívia tem valores fixos de pedágio para determinados trajetos e nós descobrimos isso, após termos pago alguns pedágios em duplicidade (rimos muito quando nos demos conta disso). Por exemplo, quando iniciamos nosso roteiro do dia, pouco depois que saímos de Uyuni, passamos por um pedágio, lá o atendente perguntou: Para onde estão indo? E nós dissemos: La Paz. Assim ele informou um valor para pagamento, nos próximos postos de pedágio até La Paz, não precisamos mais pagar nenhum valor, apenas apesentar o ticket pago.
Após algumas horas dirigindo, fizemos uma pausa para trocar o motorista e relaxar um pouco. Paramos em posto de combustível em Huari, como a rodovia na saída da cidade estava em obras, pedimos informação ao frentista do posto para seguir em frente. Claro que nos perdemos um pouco, mas conseguimos voltar para rodovia logo.
O café da manhã deste dia foi nossa principal refeição, no decorrer do dia não fizemos pausa para almoço, comemos apenas alguns biscoitos que tínhamos no carro e seguimos dirigindo. Próximo das 17h00, chegamos em El Alto, região metropolitana de La Paz, optamos por desviar de La Paz, para fugir do trânsito de lá, porém… o que encontramos não foi assim tão tranquilo.
O trânsito na Bolívia é algo inesquecível, uma experiência inigualável. A lei que vale por lá é “a buzina que soa mais alto, tem prioridade”, serve como alerta, seta, reclamação, xingamento… Uma rua com três pistas se transforma em quatro ou cinco, com muita facilidade, e o mais incrível que, mesmo com toda essa “muvuca”, não vimos nenhum acidente, nenhum arranhão, nenhum pedestre atropelado. Do jeito deles, podemos dizer que são especialistas na arte de dirigir.
A nossa aventura para cruzar por El Alto, aproximadamente 25km, demorou apenas umas quatro horas… sim, ficamos exaustos ali, com tanto trânsito, sem alternativa para sair dele e famintos. Foi um momento bem estressante, principalmente porque não gostamos de dirigir a noite quando fazemos nossas viagens, mas não tivemos como evitar pela demora em atravessar a cidade. No meio daquele trânsito infernal, quando o sol já estava se pondo, ao fundo da rodovia em nossa frente, como recompensa, tínhamos a visão espetacular da Cordilheira dos Andes.
Mesmo cansados seguimos viagem noite adentro, precisávamos seguir o cronograma, tínhamos data certa para chegar em Cusco. Assim seguimos em direção a Copacabana boliviana, a estrada estava calma, ainda assim, por ser repleta de curvas, os KM demoravam a passar. Eu, de copiloto estava um tanto desconfiada do GPS, pois ele estava dando um tempo estimado para o destino do dia, muito longo, e não tinha tanta estrada pela frente, e não era mais tão cheia de curvas. Segui olhando desconfiada e aguardando qual seria a nova surpresa nas estradas da Bolívia e não é que chegou! A estrada que estávamos terminava em uma fila (três ou quatro caminhões baú, pequenos) aguardando para entrar em uma balsa. Tentamos uma rua ao lado, foi em vão, também terminava de frente com um lago. Eu desesperadamente disse “eu não vou atravessar isso a noite!”, hoje, relembrando a cena é divertido, na hora foi pavoroso para mim.
A situação era a seguinte, ou seguíamos na balsa, ou seguíamos de balsa. Para fugir da balsa, teríamos que voltar boa parte do caminho já feito, e isso atrasaria muito nossa viagem. Foi assim que me conformei, mas segui tensa, ainda mais porque fomos na mesma balsa que um caminhão. O trajeto era curto, gostei da experiência, mas continuei com medo. Já do outro lado, em terra firme, seguimos viagem, rumo a Copacabana. Estávamos cansados e com fome, até cogitamos dormir pela estrada, mas continuamos até nosso destino do dia.
Em Copacabana, demos algumas voltas de carro pela cidade, e sem encontrar muitas opções, estacionamos a Juno em uma rua e seguimos caminhando até uma pizzaria, a maioria dos restaurantes já estavam fechados, afinal passava das dez. Pedimos uma pizza, nem me lembro o sabor, mas estava saborosa ou era a fome…haha. Não encontramos nenhum hostel devido ao horário, então procuramos um lugar mais calmo, estacionamos a Juno, pegamos os sacos de dormir para se cobrir, pois estava meio geladinho, e apagamos.