03 de julho de 2017, o dia começou super cedo para nós, o ônibus para o início da trilha sairia por volta das 05:00. Depois de uma noite de sono para recarregar as energias, agora existia apenas a ansiedade para o início da aventura.
A trilha que iniciamos hoje é desejo de algum tempo. O planejamento para esta viagem, se iniciou em janeiro deste ano, quando estávamos com nossos afilhados de casamento no Bar do Alemão, tomando o nosso tradicional 1º submarino do ano. Na semana que se seguiu, já sem nenhuma influência de álcool, voltamos ao assunto. Começamos a analisar as opções e roteiros para a viagem e a primeira decisão necessária foi em relação a data, eu disse (pedi) ao Sergio, que gostaria muito de, no dia do meu aniversário, estar fazendo a trilha. Pedido atendido! Voltemos para nossa aventura.
Já dentro da van, acontece meu primeiro desafio (nem todos sabem, mas sou claustrofóbica e com crises um tanto particulares). Nesta primeira etapa, a van nos levaria até Mollepata, início da trilha. Os espaços entre as poltronas não eram muito grandes e a mochila tinha que ir conosco, foi assim que me senti sem ar e desesperada, sabendo que passaria aproximadamente duas horas ali. O Sergio viu o desespero nos meus olhos…e ele conseguiu me acalmar. Fiquei tensa todo o trajeto, mas sobrevivi. Parece exagero, eu concordo, mas não é um sentimento que se escolhe, simplesmente acontece.
Antes do início oficial da caminhada, paramos em uma espécie de abrigo, onde tomamos café, enquanto os guias e demais corpo técnico, organizavam tudo. Voltamos para a van, para mais um trajeto, pequeno agora, numa estrada repleta de curvas, agora as mochilas iam no bagageiro da van, que era uma rede amarrada sobre a van. Numa das curvas, uma mochila caiu do bagageiro…por sorte alguém viu e voltamos recuperá-la. De acordo com relatos, isso é bem comum de acontecer…inclusive perder a mochila para sempre.
Iniciamos a caminhada por volta de 9:00, foi bem tranquilo. Entre alguns intervalos de tempo, o guia reunia todo o grupo contava um pouco da história da trilha e comentava alguns pontos que estávamos passando. Fizemos uma pausa para o almoço e seguimos, o finalzinho da caminhada até o acampamento foi um pouquinho mais pesado, já era possível sentir a altitude.
Um pequeno lanche após acomodar todos pertences na barraca, e fomos para uma caminhada para conhecer a Laguna Humantay. Essa lagoa está situada a aproximadamente 4.200m acima do nível do mar, se forma a partir das águas de degelo do Salkantay, umas das montanhas mais altas do Peru, e é por surgir a partir das águas de degelo, que sua coloração vai desde um azul turquesa até um verde esmeralda. A base do acampamento fica a 3.900m. O percurso possui, a partir do acampamento, 3,5km, o primeiro km é relativamente tranquilo, mais plano, porém a partir daí fica um tanto mais difícil. Aqui, o Sergio e eu decidimos que seguiríamos o conselho/exemplo, de um alpinista sobrevivente, contado num documentário Touching the Void (2003), traçando metas até a próxima parada (20 passos e paramos), e assim seguimos até chegar na lagoa.
Assim que se olha para a lagoa, é possível entender o porquê de o guia insistir tanto para você ir até lá. É uma beleza ímpar! Gastamos uns 40 minutos ali, admirando, fotografando, caminhando ao redor… pouco depois que anoiteceu, foi servido o jantar, um chá logo após para auxiliar na digestão e por volta das 10:00 p.m. todos já estavam em suas barracas.