04 de julho de 2017, acordamos às 05:00 ao soar do “despertador” coca tea-coca tea! Receber um chá quentinho para aquecer o corpo antes de sair da barraca? Ah, é por isso que eu amo esses hotéis com milhões de estrelas!! Corpo aquecido, hora de se agilizar, arrumar a cama e correr para o café da manhã.
Meu dia favorito do ano chegou! Pedi ao Sergio que não contasse a ninguém sobre a data, sou bem mais introvertida, então demoro mais para fazer amizades, assim não estava preparada para possíveis Parabéns!
Existia uma pequena possibilidade de neve naquele dia, e isso seria a cereja no meu bolo de aniversário, porém, tão logo terminamos o café, essa possibilidade foi descartada. Iniciamos a caminhada às 08:00, com um visual que nos fazia esquecer o vento gelado que batia no rosto.
As primeiras horas de caminhada desse dia foram difíceis, saindo de um acampamento com 3.900m de altitude, chegaríamos a 4.600m altitude, o ponto mais alto da trilha. Com uma hora de caminhada, o Sergio e eu estávamos traçando metas ( por exemplo, 20 passos e uma parada) para resistir ao cansaço que a altitude trazia. Algo muito comum de se ver, são os guias mastigando folha de coca, parecia estranho pois as folhas são secas, mas quando o cansaço chega, você apela para “qualquer santo” e foi assim que eu experimentei o red bull Inca. Ao contrário do que muitos pensam, as folhas, quando mastigadas, não causam “nenhum barato”, sequer melhora sua capacidade cardiorrespiratória, mas…(pode ser apenas placebo), te ajudam a se recuperar da fadiga mais rápido.
Aproximadamente às 10:15, atingimos os 4.600m. Aqui paramos para um lanche, fotos, conversas, uma recarga de energia. O que tinha de especial neste ponto? O Nevado de Salkantay. O Salkantay é umas das mais altas montanhas do Peru, com 6.271m. É ele que dá nome a trilha, e mesmo não sendo a mais tradicional, segundo relatos, é a trilha mais desafiadora e bela. Depois de tanta energia gasta para subir, agora vamos descer, e o visual que nos acolhe para essa caminhada, é de tirar o fôlego.
Após umas três horas de caminhada, chegamos a tão desejada parada para o almoço. Nesse momento meu “segredo” foi revelado para algumas pessoas do grupo. Eu estava usando uma bandana, que além de ser nas cores e desenhos da bandeira americana, estava escrito “4 July”. Comprei essa bandana em Cusco, na véspera de início da trilha, única e exclusivamente pela data “4 July”. Já com uma maior interação com o grupo, inclusive com espaços para as piadas ruins do Sergio, e a ciência de boa parte do grupo de que éramos brasileiros, surgiu a pergunta…por que essa bandana? E foi assim que o Sergio contou meu segredo.
Após o almoço, foi possível um cochilo ao sol, para espantar o frio e o cansaço. Próxima parada, acampamento. Pela frente, tínhamos muitos quilômetros de descida, em uma trilha que lembrava o leito seco de um rio, pela infinidade de pedras soltas. Cuidado redobrado para não sofrer nenhuma lesão nos joelhos e/ou tornozelos.
Chegamos ao destino por volta das 17:30, exaustos pela caminhada, meus pés estavam super cansados, uma cerveja gelada cairia muito bem né? E não é que tinha!!! É muito presente num único dia.
Nesse acampamento, mediante o pagamento de uma pequena taxa, era possível um banho quente, o Sergio e eu concordamos que éramos merecedores de mais esse presente.
O jantar foi servido, mais uma refeição diferente e muito saborosa, são nessas horas que você deixa de lado os pré-conceitos e descobre novos sabores, com alimentos que opcionalmente, você não provaria. Após o jantar, fui surpreendida com o guia fazendo um pequeno discurso me parabenizando e convidando a todos para um “Happy Birthday”.
O meu dia favorito do ano, foi simplesmente incrível! Obrigada Sergio e universo por me permitirem viver esse momento único.